Monday, 3 November 2008

ALGUÉM ME AVISOU PRA PISAR NESSE CHÃO DEVAGARINHO

Someone advised me to step on that floor slowly

butterfly on joy and sorrow

I gave butterMai to her - my first poem in English


If you are tired
don´t mind
You can!
don´t give up anyway
tomorrow is another day.

Your are a butterfly ------------------------------------www.maimurata.com/
Here is your garden
Fly - Sounds good
Lay - Smells good
Hi - we are flowers and wood!

end Mai gave me it

On Joy and Sorrow by Kahlil Gibran

Your joy is your sorrow unmasked.
And the selfsame well from which your laughter rises was oftentimes filled with your tears.
And how else can it be?
The deeper that sorrow carves into your being, the more joy you can contain.
Is not the cup that holds your wine the very cup that was burned in the potter's oven?
And is not the lute that soothes your spirit the very wood that was hollowed with knives?
When you are joyous, look deep into your heart and you shall find it is only that which has given you sorrow that is giving you joy.
When you are sorrowful, look again in your heart, and you shall see that in truth you are weeping for that which has been your delight.
Some of you say. 'Joy is greater than sorrow', and others say, 'Nay, sorrow is the greater.'
But I say unto you, they are inseparable.
Together they come, and when one sits alone with you at your board, remember that the other is asleep upon your bed.
Verily you are suspended like scales between your sorrow and your joy.
Only when you are empty are you at standstill and balanced.
When the treasure-keeper lifts you to weigh his gold and his silver, needs must your joy or your sorrow rise or fall.

Monday, 20 October 2008

God by Ganesha!!!

O Diwali (também transcrito do Deepavali ou Deepawali) é uma festa religiosa hindu conhecida também como o festival das luzes. Durante o Diwali, celebrado uma vez ao ano, as pessoas estreiam roupas novas, dividem doces e estouram rojões e fogos de artifício. Esse festival celebra o assassinato do malvado Narakasura, o que converte o Diwali num evento religioso que simboliza a destruição das forças do mal.

E ontem era lá que eu estava, na Celebração do Diwali em Londres, uma vez que aqui há uma das maiores comunidades indianas fora da India.

E ele de novo...lá...sentado em padmasána. Nosso encontro nunca é casual. Ele sempre diz o que quer e eu nunca o procuro... porque ele sempre vem ao meu encontro.

Um sempre no caminho do outro. Quando está no caminho, está. Não há com o que se preocupar. Quando não está say goodbye e Viva Ganesha!!!!
God by Ganesha

Tuesday, 14 October 2008

Silhueta - rascunhos de Alice

Não inventa pretexto para me tocar
Me pega pela nuca e beija minha boca
Prova a temperatura do meu corpo
Sem medo de se queimar
Não inventa pretexto para me ligar
Não olha para o relogio,
pode me acordar
Me faz despertar ouvindo você dizer o que sente
É a sua verdade o que eu quero em vocè.
Não inventa pretexto para me encontrar
O encontro ja aconteceu
Eu sei que você existe e você sabe onde estou.
Não inventa pretexto que eu não sei esperar

Minha vida só tem
vinte quatro horas por dia


Com licença e sinto muito
Eu espero do desconhecido
Que ao acaso esbarra em mim
E ainda nem sabe meu nome.

Picture by Andre Moncaio www.flickr.com/andremoncaio

Don’t make excuses to touch me,
Take me by the nape of the neck and kiss my mouth,
Taste the heat of my body,
Without fear of getting burnt

Don’t make excuses to call me,
Don’t look at the clock, you can wake me,
Awaken me to hear you say what you feel,
Your truthfulness is what I want from you

Don’t make excuses to meet me,
The meeting has already happened,
I know that you exist and you know that I am here

Don’t make excuses that I don’t know how to wait,
My life only has 24 hours each day

Excuse me and I’m sorry,
Is what I expect from a stranger,
Who accidentally bumps into me,
And doesn’t even know my name

Tuesday, 7 October 2008

Ainda sobre o Hoje Still on Today


Naquela tarde sem nada para fazer, ele parou em frente à vitrine da loja. Ele com sua calça jeans de todo o dia, camiseta branca...E a cena que segue:



VENDEDORA DA LOJA - com desdem

É muito caro, você não pode pagar.


HOMEM EM FRENTE A LOJA

Nunca se sabe o dia de amanhã. Talvez amanhã me encontre deitado naquele banco pedindo moedas, talvez me encontre numa Ferrari rodeado de mulheres como você.


VENDEDORA DA LOJA - irônica

E o que é mais provável?


HOMEM EM FRENTE À LOJA

Que não me veja mais.


Deu as costas e saiu.
Hoje caminhando perto de London Brigde me senti na Praia Preta no Rio Grande do Norte.
OH GOD!!!!
O que puseram no meu chá?
Walking around London Brigde today
I felt in the Black Beach in Rio Grande do Norte.
OH GOD!!
What to put in my tea?

Sunday, 5 October 2008

A capa que a protegia


A menina pensou que sua capa continuaria protegendo-a. Enganou-se.
Vamos aos fatos:

Toda mocinha de contos de fada vive geralmente em um mundo encantado. Em um mundo encantado tudo é possível. A moça decidiu que passaria uns tempos no mundo dos sonhos...sonhos distantes.

A moça foi sozinha. Diferente das mocinhas de contos de fada, não esperava príncipes. Amazona desde criança, tinha o dominio de seu cavalo e da espada. Aprendeu a usa-la cedo. Mas para o mundo encantado ela foi sozinha. Pela primeira vez realmente sozinha.

Sua capa protetora, que sempre a livrou de apuros, perdeu suas propriedades. A menina começou a sentir coisas que os humanos passionais sentem. Suas próprias reações começaram a assusta-la. A menina perdeu o domínio da situação. Buscou respostas em seus arquivos, mas como nunca havia lidado com isso, não encontrou.

A menina não sabe o que fazer. Esta longe, está perdida.
A menina não sabe nada de reinos encantados. Só sabe que vai ter que sair dele rapidamente.

Mesmo não funcionando, ela ainda tem sua capa. Quem sabe com alguns ajustes...Quem sabe a menina se ajuste.

Monday, 29 September 2008

HOJE É TUDO

Nasci sem o amanhã
Hoje é tudo que tenho
O "pra sempre" construo em cinco minutos
Não é necessário mais do que isso.
O resto do tempo passo criando outros "eternamente"
O passado, deixo para as gerações futuras
Vou, mas não passo
Simulo como seria se fosse infinito
Feliz, continuo, sabendo que vou morrer daqui a pouco
Enquanto daqui a pouco não chega
Eu tenho o agora.
Hoje é tudo que temos.

Sunday, 28 September 2008

se liga "ALICE"

CAIU NA RODA

OU ACORDA

OU VAI RODAR
trecho da música RODA, que você ouve aqui nesse blog.

de Niro e Bardot



INT. – CLUB EM LONDRES – NOITE

Abrimos com mesa de bar.
Tres pessoas sentadas. Entre elas, a narradora da história e Brigitte Bardot. Robert de Niro aproxima-se juntando-se ao grupo. Musica alta.

DE NIRO
Alguém fuma aqui ?

NARRADORA
Só a Brigitte

DE NIRO
Você cederia um dos seus cigarros?

BRIGITTTE
Só tenho um. E tu sabe o que significa o último cigarro. Mas se tu não te importa posso dividir contigo.


Brigitte e de Niro no corredor. Dividem o último cigarro.
Brigitte e de Niro dividem pessoalidades e enquanto dividem se fundem.
Brigitte toca piano. Brigitte toca de Niro.
De Niro esbanja carisma, de Niro desmancha Brigitte.

O cigarro acaba. A noite começa.
Sem roteiro De Niro e Brigitte improvisam.

O dialogo não é em ingles. O diálogo não é em francês.
A língua é aquela em que as reticèncias dão lugar à exclamação.

NARRADORA
Na noite eu assistia a festa. E o encontro de Brigitte com de Niro foi surpreendente. Foi simples. Foi assim. Brigitte sem personagem e de Niro também. De Niro e Brigitte são tão verdadeiros que o roteiro passa a não importar. Não estou ansiosa para saber como a história termina. Não importa se o mocinho é mocinho, se vai haver um vilão. Não importa. Assistindo de Niro e Brigitte percebo que a história pode sempre (re) começar. E melhor assim: de Niro sendo ele mesmo e Brigitte também. Eles são mais interessantes do que qualquer personagem que se possa criar.


EXT. – RUA EM LONDRES- MADRUGADA

De Niro se despede de Brigitte. Os lábios despedem-se unindo-se. Os braços enlaçam os corpos. Os caminhos são diferentes, mas o desejo é o mesmo, desejo dos corpos esquecerem-se um no outro. Adormecerem unidos sem pressa de acorda.

Os corpos distanciam-se e entre eles uma pausa que abre espaço para a dúvida.

Brigitte segue seu caminho pensando
De Niro segue seu caminho pensando
Narradora segue seus caminhos...

Do primeiro andar do onibus narradora observa a rua.

Subjetiva de uma estrada sem fim.


p.s: A roteirista não cria nada, apenas aguarda as próximas improvisações. Sem data para estréia.

Saturday, 27 September 2008

Luciana numa noite de sábado


Luciana, numa noite de sábado, envia a mensagem abaixo para seus amigos. Mario quintana numa noite de sábado fala por Luciana...Luciana fala para nós...por nós...




Nada como o tempo

...Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você !!!...

(Mario Quintana)


Friday, 26 September 2008



"um dia de cada vez.

um dia antes do próximo.

um dia...

depois o outro

assim deve ser."



boa quarta quinta sexta e...bacio.



Alexandre Brito é poeta e generosamente me presenteia com seus escritos. Mais dele em:

http://www.alexandre-brito.blogspot.com/

Tuesday, 23 September 2008

Que cor tem Londres? - Identidade parte I


Jacson me pergutou: que cor tem Londres?

Eu aqui estudando inglês, lamento por não tê-lo ainda na ponta do ouvido.

Em Brixton, um dos bairros “negros” de Londres, vejo uma cena que dispensa o entendimento da língua.

Duas garotas brancas bebendo coca-cola e rindo muito. De repente um homem negro que estava ao lado segurando uma cadeira de rodas começa a esbravejar. Furioso, dispara uma rajada de palavras que meu parco vocabulário não permite reconhecer. Mas uma frase eu entendi, talvez pelo número de vezes que ele a pronunciou:

black and white

As garotas pararam de rir e de tomar sua coca-cola. Também não lhe responderam nada, assim como os outros presentes, apenas ouviram, um pouco assustadas. Um rapaz negro que passava pareceu defende-las e trocou alguns insultos com o senhor, mas apenas passou. Elas brancas , o homem negro e eu continuamos ali. E a frase que se repetia:

black and white black and white black and white

Lembrei de Gilberto Freire e o vídeo que assisti no Brasil pouco antes de vir pra ca “Nosso povo brasileiro”. Fiquei curiosa para saber: quando ele olha pra mim o que vê – uma branca ou uma negra. Quando as louras inglesas olham para mim o que enxergam?

Tenho uma amiga da minha cor, que diz que sou negra, mas ela não. Tenho uma amiga gaúcha de olhos azuis que me chama de louca quando eu digo que sou pretinha. Ela imediatamente me corrige dizendo que sou muito é branca...
Eta povo cafuso, eta povo confuso!


Descobri que você pode dizer o que quiser, mas a sua cor só os outros enxergam.

Jacson, respondendo a sua pergunta, Londres tem todas as cores, mas elas não se misturam como no Brasil.


Sunday, 7 September 2008

ELA é brasileira - SHE is brazilian















ELA secava a louça, e sem mais interrompeu o silêncio da sua ação inquirindo-me:
- O que precisa para ser prefeita?
Acho que minha expressão de “hein?” não lhe deixou dúvidas e ELA se adiantou:
- Precisa fazer algum curso? – meio desconsertada com a pergunta que não entendia muito bem de onde vinha respondi:
- Não necessariamente. O partido deve fazer eleições internas para escolher seu candidato. Não precisa ter nível superior...
- Assim como o Lula.
- É. Como o Lula.
ELA continuou secando a louça, só que agora ainda mais imersa em seus pensamentos.
Achei melhor não perguntar nada. ELA precisava daquele tempo para elaborar suas idéias.
No dia seguinte, eu e ELA, fomos juntas à Brixton. Enquanto meu olhar de recém chegada apreciava a paisagem do primeiro andar do ônibus londrino, ELA pensava. Novamente ELA cortou o silêncio, só que dessa vez não com uma pergunta:
- Se eu fosse prefeita no Brasil, eu acabaria com as favelas e criança não pagaria ônibus, assim como em Londres, porque criança não trabalha...
Entendi a pergunta da noite anterior. “Criança não trabalha aqui, mas no Brasil trabalha, é um indivíduo economicamente ativo, infelizmente”, pensei em lhe dizer, mas preferi continuar escutando .
ELA tem 14 anos e está fora do Brasil há três. É a terceira filha de uma família de cinco irmãos e uma das melhores alunas do colégio em que estuda. Aqui ajuda a família como interprete, pois seus pais não falam inglês, e como a maioria dos brasileiros que aqui estão, vieram em busca de melhores condições de vida e não pensam em voltar tão cedo, porque acreditam que aqui os filhos terão mais chances.
Se ELA ainda morasse em sua terra natal, estaria vivendo em São Matheus, zona leste. Pegando ônibus e trem super lotados - e pagando por isso! - estudando em escola pública, como em Londres, mas neste caso faz diferença significante o que é público aqui do que é lá.
ELA em algumas outras ocasiões mostrou interesse por assuntos políticos e diz não se conformar com as pessoas que não pensam nesses assuntos e só querem se divertir.
ELA sabe que o jardim do Brasil é tão fértil quanto o da Inglaterra, mas aqui ELA recebeu ferramentas e está aprendendo a usar, o que também faz uma diferença significante.
Infelizmente não votarei nas eleições municipais, pois estou em Londres com visto de turista, mas se pudesse, certamente votaria n´ELA.
ENGLISH
SHE was drying the dishes, and out of the blue she interrupted the silence of her chore by enquiring:
- What do you need to become mayor?
I think that the "eh?" painted on my face was pretty self-explanatory and SHE came closer:
- Do you need to take a course of some kind? – thrown off by the question since I did not know exactly where it came from, I answered:
- Not necessarily. The party needs to perform internal elections to choose its candidate. You don’t need to have a university degree…
- Just like Lula?
- Exactly. Like Lula.
SHE continued to dry the dishes, only now even more immersed in her thoughts. I thought it best not to ask anything. SHE needed the time to elaborate her ideas. The next day, SHE and I went together to Brixton. Whilst my gaze, as a new arrival, appreciated the landscape from the upper deck of the London bus, SHE was deep in thought. Once again SHE cut the silence, but this time not with a question:
- If I were mayor in Brazil, I would put an end the shanty towns and children would not pay bus fares, just like in London, because children do not work... Now I understood the question from the previous night. "Children do not work here, but in Brazil they work, as they are economically active individuals, unfortunately", I thought to tell her, but decided it was better to continue listening. SHE is 14 years old and has been outside of Brazil for three. She is the third daughter of a family of five siblings and one of the best students at the college where she is studying. Here she helps the family as an interpreter, since her parents do not speak English, and like the majority of Brazilians here, they came in search of better living conditions and are not thinking of going back any time soon, because here they believe that the kids will have more opportunities. If SHE still lived in her birthplace, she would be living in Saint Matheus, in the east zone. Catching crammed buses and trains - and paying for it! - studying in a public school, like in London, however there’s a significant difference between what’s public here and there. On various occasions, she has shown interest in political matters and does not get along with people that do not consider those matters and just want to enjoy themselves. SHE knows that Brazil’s garden is just as fertile as England’s, but here SHE has gained tools and is learning how to use them, which also makes a significant difference. Unfortunately I will not vote in the municipal elections, I am in London, but if I could, I would surely vote for HER.

porque sempre acreditei


heathrow airport - London

FAÇA JÁ SUA RESERVA

charge: JJ Marreiro



FAÇA SUA RESERVA

condições especiais para estudantes
e turistas



...então o viajante decidiu que iria trocar experiências. Se programou, fez seus contatos, contabilizou os gastos possíveis. E foi.

Saiu de casa sem fazer reservas, alguns hotéis não faziam essa exigência, outros no entanto, impossível aproximar-se da porta sem antes ter feito uma solicitação formal com pagamento adiantado. Ele foi naquele que muitos de seus amigos já haviam estado, e que alguns ainda se encontram.


E na recepção:
Recepcionista: O que o senhor vem fazer aqui?
Ele achou a pergunta um tanto invasiva, mas respondeu . E ela seguiu
Recepcionasta: Por que veio fazer isso? Por quanto tempo? Conhece alguém aqui? – e finalmente a pergunta mais importante – Quanto tem na carteira?
Ele respondeu tudo sem titubear. A recepcionista, a cada nova resposta, parecia mais simpática. Até que ao final da entrevista, ali no balcão mesmo, ela pediu seu cartão – VISA - e ele enfim teve acesso a entrada.

Então outro viajante decidiu que tinha que cair na estrada, só não tinha escolhido que estrada. Pegou qualquer uma. Foi. Foi assim meio cheio de sonhos mas sem nenhum objetivo concreto. A mala não era muito pesada. O suficiente para viver. O suficiente para viver não pesa...muito...as vezes.


Ele saiu do hotel que estava, que residia desde criança. Ali, mesmo sem pagar aluguel, ele vivia. Fazia alguns “bicos” em troca. O hotel aceitava seus préstimos como pagamento. No entanto ele não estava nada satisfeito. Quando fazia frio, seu quarto sem aquecedor, entorpecia seus membros. E quando fazia calor, seu quarto sem ventilação...

Ele foi parar no mesmo hotel que o primeiro viajante, ficou sabendo que o tratamento é bom e que se paga bem pelos “bicos”. A recepção foi a mesma mas a receptividade diferente:


Recepcionista: O que veio fazer aqui?
Viajante: Vim viver.


A moça torceu o nariz e foi direto para a pergunta que importava:


Recepcionista: Quanto tem na carteira?
Viajante: Não muito. O suficiente para passar alguns dias.
Recepcionista: E como pretende pagar pela sua estada?
Viajante: Eu trabalho direitinho. Sei fazer várias coisas e não tenho medo de serviço pesado não. Qualquer coisa eu faço.

A moça fechou seu caderno de reservas. Ele insistiu, mostrou seu cartão. Ela negou seu VISA. Pediu que o viajante fosse à gerência, onde ele passou mais algumas horas tentando convencer a administração, sem sucesso. Foi mandado ao hotel de origem.

Ele não tinha muito quando viajou, mas voltou com a sensação de nunca ter tido nada. Sentindo-se inferior. Descobriu que não podia ir para qualquer lugar. Descobriu que tudo tem um preço e que esse ele não podia pagar.


O hotel em um relatório justificou seu procedimento. Tudo justificado.

O que o viajante não sabia sobre o referido hotel:
- que o preço que se paga pela diária é caro.
- que esse hotel tem fama reconhecida porque oferece serviços de qualidade, mas para isso é necessário pagar por eles e pagar bem.
- que o valor do seu apartamento anterior, amplo, com varanda e playground, nesse hotel, daria para custear apenas uma vaga num apartamento com pelo menos mais dez pessoas.

Havia que se colocar na balança. Mas não deu tempo. Ele voltou sem viver essa experiência.


Percebeu que o hotel em vivia desde criança também tinha restrições à entrada de "alguns" novos hóspedes, que ele também desejava hóspedes que pudessem pagar. Foi quando se deu conta, que com os “bicos” prestados ao hotel, sempre pagou mais do que devia. Que ele não vivia ali de favor. Que o hotel sim é que lhe devia mais do que simplesmente um teto.

Sentindo-se impotente, usado, desejou não estar em hotel algum.

Foi pra rua.


Tuesday, 2 September 2008

Porque sou fã dela











Jhaíra diz: todas as personagens e histórias estão prontas.só estou transcrevendo.

Maysa responde: Sim... pode crê...até a nossa, não é?mas talvez o segredo esteja justamente na transcrição, assim no jeito de focar, de escolher o olhar solto...e isso define tudo, então, pois nesse momento nos posicionamos perante a vida, a própria e a do mundo, a vida de todas nós - pessoas da vida.e jhá que é assim, lá vai um segredo: http://www.repiqueazul.blogspot.com/




Sunday, 31 August 2008

DANKE SUÍÇA



terra do chocolate, do relógio e dos canivetes.


dos transporte público sem catraca, que dá para andar sem pagar se quiser, porque raramente aparece um fiscal pra ver se você tem bilhete, mas ainda assim as pessoas pagam.


terra de várias línguas oficiais, e mais outras tantas como a nossa.


terra da mulher brasileira prostituita, como em tantas outras terras, inclusive a nossa...(?)


terra da mulher brasileira empregada doméstica, como em tantas outras terras, inclusive a nossa ...( ?)


terra de bancos, e muitos brasileiros neles.


terra de um silêncio que parece herdado e não desejado.


terra de ruas mais limpas que o seu sapato novo


terra de suícidios


terra de lagos e alpes


terra de gente


e isso basta!

e na prateleira do mercado


mais surpresa!
no supermercado você encontra ----------

e eu só tirei foto!

só para mulheres


você sai para um inofensivo almoço com as amigas.
antes de pagar a conta resolve retocar a maquiagem, em outras palavras, usar o banheiro.
entra na cabine e vê uma máquina.
o que esta maquina, ao lado do vaso sanitário, teria a oferecer para uma mulher?

alternativa A ( ) absorvente
alternativa B ( ) batom
alternativa C ( ) revista feminina
alternativa D ( ) nenhuma das alternativas acima

Se estamos falando do restaurante japonês Yooji´s em Zurich, acertou quem escolheu a alternativa D.
Com alguns míseros francos suíços você pode adquirir um delicado vibrador, e o que é melhor, testá-lo ali mesmo.
E os homens morrem de curiosidade para saber o que as mulheres fazem juntas no banheiro.
Juntas elas fazem o óbvio, mas sozinha, nesse banheiro, se a fila estiver grande...
Eu estava acompanhada.

TIREI
FOTO!



Comédia da vida privada

imagem: Gustavo Ferri


E falavamos sobre o que mesmo no chá da tarde no SPRÜNGLI ? Ah! Ainda sobre o silêncio suíço. Para minha eterna admiração descubro que é proibido dar descarga ou tomar banho depois das 23h00. A diferença de hábitos entre os povos é surpreendente.


Tivemos um tipico dia de inverno, chuvoso, mas ainda estamos no verão. A noite chega. Meu anfitrião serve uma deliciosa sopa e de sobremesa uma maravilhosa torta de chocolate feita pela anfitriã. Cozinham muito bem!!! Nem posso retribuir lavando a louça porque a máquina faz as honras da casa, apenas recolho os pratos.


Horas passadas, os anfitriões se recolhem e eu ainda sem sono. Sinto um incontrolável desejo de ir ao banheiro. Imediatamente sou tomada pela angústia. Lembro-me da converso no café e sinto vontade de estar em qualquer outra parte do mundo depois das onze da noite, menos na Suíça.
Não me deixo abater, sei que tenho controle emocional suficiente para sair de situações difíceis, uma boa oportunidade para testa-lo. Vou ao banheiro e olho fixamente a patente, que é como minha anfitriã gaúcha chama a privada, tenho uma idéia! Vou até a cozinha pegar um balde. Basta enchê-lo de água e jogar na patente, assim evito o “barulho” da descarga e me mantenho dentro da lei.


Não acredito! Meus anfitriões estão dormindo com a porta do quarto aberta. A cozinha é americana e se eu acender a luz vou acorda-los. Procurar o balde no escuro produziria mais barulho do que a descarga. Operação abortada. Volto ao banheiro. Olho fixamente a patente esperando que dela venha alguma idéia. Shit! Tudo que sinto é um desejo incontrolável de me entregar a ela. Mas não me apetece a idéia de deixar para o dia seguinte, boiando, os vestígios da noite anterior...
De repente um barulho. Salva pelo gongo. Em um outro apartamente, acima do nosso, alguém infringindo a lei. Uma descarga acabara de ser acionada. O alívio foi imediato, eu que a pouco estava enfezada com aquela situação, relaxei. A natureza pode enfim respeitar o relógio biológico. Me recompus, apertei a descarga sem culpa...e quer saber? Estou cagando pro silêncio suíço.


Desfazendo equívocos
No dia seguinte, conversando com um suíço, que fala português of course!, quis entender melhor essa lei. Quando questionado sobre, ele apenas riu, riu muito. Assim como rimos quando nos perguntam se nos locomovemos por cipós, se a capital do Brasil é Buenos Aires, se andamos de tanga e que toda mulher brasileira é “fácil”. Riu descortinando meu olhar superficial de viajante, de estrangeira. Riu mostrando que a “gringa” aqui sou eu.

Wednesday, 27 August 2008

O silêncio dos inocentes





Sempre morei em casa. Alicerces na terra e crianças brincando ao redor. E quando digo brincando quero dizer gritando, pulando, vibrando. Criança por perto significa barulho. Adoro a poluição sonora da vibração das crianças. Quando fui morar em apartamento descobri que as crianças também gritavam por lá, e quem não estivesse feliz que se mudasse para o ultimo andar.
Mas por que tanto barulho por nada?

Aqui na Suíça as crianças as vezes são o pivô de verdadeiras saias justas. Todos são muito silenciosos. Não se fala alto em lugares públicos, como manda a etiqueta, se cultua o silêncio, logo, um serzinho ainda não domesticado que perturbe a ordem deve ser “extraditado”.

No transporte público vejo mães constrangidas quando seus anjinhos aumentam o tom de voz, tentam desesperadamente conte-los antes que chamem a atenção dos demais usuários que se voltam para o pequeno passageiro indesejável.
Nos bares os pais portadores de crianças sonoras podem ser convidados a se retirarar do ambiente caso a espontaneidade da mesma não consiga ser controlada. Muitos aceitam o convite a ainda deixam seu pedido de desculpas.
Mas felizmente, para a terra dos alpes, esses pequenos indomáveis crescem e aprendem que é necessário evitar o contato, seja ele visual (desvie o olhar quando notado), pelo tato (se tocar em alguém se desculpe) e sonoro . O sonoro é especialmente mais nefasto porque é uma contato que atinge muitas pessoas ao mesmo tempo e a longas distâncias.

Adoro o silencio suíço, escrevo de madrugada porque acho o silêncio essencial, mas devo confessar que adoro o ruído das crianças, especialmente as daqui.








Brasileira tipo exportação


foto: Clube da Luluzinha Brasileira

Eu estou em “dromus”, que posso traduzir como estou em marcha, em curso.
Antes de iniciar meu estudo na Inglaterra sobre dramaturgia fiz uma escala na Suíça para visitar uma amiga brasileira, que não é prostituta.


Explico: assim como no século passado as polacas, que entravam no Brasil, faziam da prostituição profissão, o mesmo acontece aqui com boa parte das brasileiras. Vindas ou trazidas, as brasileiras tipo exportação, oferecem “o que há de melhor no Brasil”, nosso calor humano, que aqui pode ser traduzido de várias formas. Depois de algum tempo algumas conseguem a tão sonhada promoção, casam-se com suíços. Isto proporciona status aqui e no Brasil.


Quando falava da minha viagem à Europa, ouvia frequentemente: “boa sorte. Quem sabe você consiga um inglês para casar”.


Quando o que eu queria ouvir era: “bom trabalho, que as portas se abram ainda mais”.


Quando viajava para o nordeste nunca ninguém me desejou: “se acaba lá, e volta casada com algum moreno delícia”.


Talvez porque um nativo não seja um bom negócio, não me daria um futuro decente. Já um gringo é a garantia da terra prometida, a salvação para uma mulher latino americana, sem falar que o casamento é o melhor investimento que uma mulher pode fazer. Os preconceitos que eles têm sobre nós, talvez sejam os mesmos que nós temos e sob os quais construímos nossa própria imagem.


Ao entrar na Suíça, embora tenha sido muito bem tratada, apresentei carta convite dos meus amigos que moram aqui, disse quanto tempo ficaria...Inspeção de rotina. Perguntei ao simpático moço, que deve ser da imigração, se sempre era assim com brasileiros, e ele com um sorriso amável respondeu balançando a cabeça afirmativamente.




O bêbado e o motorista


Eram aproximadamente 11h00 da noite. Voltávamos do cinema. O TRAM pára (em Zurich é desnecessário dar sinal, o TRAM pára em todos os pontos). Dentro dele havia algo no chão impedindo a passagem, ou melhor, alguém. Sim. Um homem de aproximadamente quarenta anos. Ao seu lado uma mochila e uma garrafa de alguma bebida que certamente não era água. Todo o TRAM estava impregnado do cheiro dele. Ele murmurava algo, e ainda que falasse alto eu não conseguiria entender seu suiço-alemão.

Como desconheço sua identidade e não acho cortês defini-lo pela quantidade de álcool que havia ingerido naquele dia, o chamarei de Mister Milk, aproveitando para fazer uma referência à Suíça, que é conhecida também pelo seu leite.

Meu olhar de viajante foi sendo surpreendido a cada novo acontecimento.

Acontecimento 1: Um dos passageiros se levanta, vai até Mister Milk, pega-o pelo braço. Com todo cuidado do mundo tenta ajuda-lo a retornar aquele que deveria ser seu assento. Mister Milk olha para o gentil cavalheiro e parece não entender o que ele deseja, resmunga algo e permanece deitado no chão.

Acontecimento 2: O cavalheiro é demovido da idéia de resgatar Mister Milk pelo motorista do TRAM, que assistia tudo de sua cabine. O motorista compadeceu-se do gentil homem, parou o TRAM e informou que já havia avisado a polícia. Nesse momento uma suave indignação* toma conta de mim, olho com antipatia para o motorista. OK, Mister Milk tem um cheiro insuportável, está obstruindo uma das entradas, mas chamar a polícia!!!!! ? ? ? Não é para tanto!!!

Acontecimento 3: O TRAM pára novamente. Entram dois policiais. Olham para Mister Milk e falam algo. Fico tensa. Não esperava que meu primeiro passeio em Zurich terminasse com uma cena dessas. Um dos policiais retira do bolso uma luva de borracha e a calça. Em seguida pega Mister Milk pelo braço. O que vejo “desprogramou completamente meu sistema”. Sem truculência, sem falar alto, sem projetar o peito para fora, com um misto de delicadeza e cortesia, o policial encaminha Mister Milk para fora. Pelo que ouvi dizer, nosso protagonista seria levado para um abrigo. Mas programação é programação e não pude deixar de pensar: longe dos nossos olhares o pau vai comer.


Estou só há dois dias fora do Brasil, pouco tempo para realmente acreditar que as coisas podem ser diferentes.

*suave indignação é quando você não concorda com algo, mas não diz absolutamente um A para modificar o que o desagrada


SUAVE INDIGNAÇÃO

about...


Passando em Zurich só para dar um oi para os amigos. E o povo no Brasil perguntando: a dramaturgia vai começar quando?
Dramaturgo é a pessoa que cria histórias para o teatro. Mas vou confessar que não crio nada. Olho para a direita e para a esquerda antes de atravessar , tropeço na calçada, esbarro na moça apaixonada que não olhava pro caminho, digo ¨bom dia¨ para o senhor que acha que o dia não está tão bom assim, sorrio, prossigo escrevendo...escrevendo tudo isso de outra maneira:
mesmo sem achar que o dia está tão bom assim, prossigo. Na calçada vejo a moça direita dar bom dia ao senhor que estava no caminho, ele tropeça antes de atravessar mas sorri. Esbarro no que olho e continuo escrevendo com a esquerda.

A dramaturgia já começou.
foto: Tati lendo. Almoço no vegetariano HILTL.
Por toda a cidade, nos estabelecimentos comerciais, você pode deixar seu guarda-chuva na porta que quando voltar ela estará lá.

O que não pode faltar na mala


A viagem começou. Muitas coisas novas e diferentes. Descubro a parcialidade do meu olhar. Essa descoberta me inibi. Falar sobre o desconhecido é infinitamente mais perigoso do que viver o desconhecido. Exige muito mais responsabilidade, exige respeito com a outra cultura. O ¨eu acho¨ , em qualquer situação é uma expressão delicada, em ¨universos paralelos¨ pode ser uma afronta diplomática.
O que o viajante deve saber é que não existe certo ou errado, mas que o diferente está em toda parte. Comparações do que se vê em relação ao que se vivia perdem o sentido na metade da frase. O histórico é outro, o continente é outro, o clima é outro. O viajante mais atento pode observar a Lei de Darwin se processando. Por todos os lados a espécie se protegendo, tentando uma evolução. No entanto o que se entende por ¨espécie¨ varia de pessoa para pessoa: para uns sãos os animais, para outros todos os seres vivos, outros defendem que a espécie é a família e há ainda os que acreditam que preservar a espécie é salvar a própria pele. Evolução da espécie também pode ser compreendida de várias maneiras, desde desenvolver as potencialidades humanas até comprar o carro do ano.
O viajante que saiu com uma mochila nas costas mas deseja voltar com algumas malas para casa sabe que no câmbio mundial a moema que mais vale é a escuta.
Deixe todas as certezas em casa.
A dúvida será seu melhor guia.