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condições especiais para estudantes
e turistas
...então o viajante decidiu que iria trocar experiências. Se programou, fez seus contatos, contabilizou os gastos possíveis. E foi.
Saiu de casa sem fazer reservas, alguns hotéis não faziam essa exigência, outros no entanto, impossível aproximar-se da porta sem antes ter feito uma solicitação formal com pagamento adiantado. Ele foi naquele que muitos de seus amigos já haviam estado, e que alguns ainda se encontram.
E na recepção:
Recepcionista: O que o senhor vem fazer aqui?
Ele achou a pergunta um tanto invasiva, mas respondeu . E ela seguiu
Recepcionasta: Por que veio fazer isso? Por quanto tempo? Conhece alguém aqui? – e finalmente a pergunta mais importante – Quanto tem na carteira?
Ele respondeu tudo sem titubear. A recepcionista, a cada nova resposta, parecia mais simpática. Até que ao final da entrevista, ali no balcão mesmo, ela pediu seu cartão – VISA - e ele enfim teve acesso a entrada.
Então outro viajante decidiu que tinha que cair na estrada, só não tinha escolhido que estrada. Pegou qualquer uma. Foi. Foi assim meio cheio de sonhos mas sem nenhum objetivo concreto. A mala não era muito pesada. O suficiente para viver. O suficiente para viver não pesa...muito...as vezes.
Ele saiu do hotel que estava, que residia desde criança. Ali, mesmo sem pagar aluguel, ele vivia. Fazia alguns “bicos” em troca. O hotel aceitava seus préstimos como pagamento. No entanto ele não estava nada satisfeito. Quando fazia frio, seu quarto sem aquecedor, entorpecia seus membros. E quando fazia calor, seu quarto sem ventilação...
Ele foi parar no mesmo hotel que o primeiro viajante, ficou sabendo que o tratamento é bom e que se paga bem pelos “bicos”. A recepção foi a mesma mas a receptividade diferente:
Recepcionista: O que veio fazer aqui?
Viajante: Vim viver.
A moça torceu o nariz e foi direto para a pergunta que importava:
Recepcionista: Quanto tem na carteira?
Viajante: Não muito. O suficiente para passar alguns dias.
Recepcionista: E como pretende pagar pela sua estada?
Viajante: Eu trabalho direitinho. Sei fazer várias coisas e não tenho medo de serviço pesado não. Qualquer coisa eu faço.
A moça fechou seu caderno de reservas. Ele insistiu, mostrou seu cartão. Ela negou seu VISA. Pediu que o viajante fosse à gerência, onde ele passou mais algumas horas tentando convencer a administração, sem sucesso. Foi mandado ao hotel de origem.
Ele não tinha muito quando viajou, mas voltou com a sensação de nunca ter tido nada. Sentindo-se inferior. Descobriu que não podia ir para qualquer lugar. Descobriu que tudo tem um preço e que esse ele não podia pagar.
O hotel em um relatório justificou seu procedimento. Tudo justificado.
O que o viajante não sabia sobre o referido hotel:
- que o preço que se paga pela diária é caro.
- que esse hotel tem fama reconhecida porque oferece serviços de qualidade, mas para isso é necessário pagar por eles e pagar bem.
- que o valor do seu apartamento anterior, amplo, com varanda e playground, nesse hotel, daria para custear apenas uma vaga num apartamento com pelo menos mais dez pessoas.
Havia que se colocar na balança. Mas não deu tempo. Ele voltou sem viver essa experiência.
Percebeu que o hotel em vivia desde criança também tinha restrições à entrada de "alguns" novos hóspedes, que ele também desejava hóspedes que pudessem pagar. Foi quando se deu conta, que com os “bicos” prestados ao hotel, sempre pagou mais do que devia. Que ele não vivia ali de favor. Que o hotel sim é que lhe devia mais do que simplesmente um teto.
Sentindo-se impotente, usado, desejou não estar em hotel algum.
Foi pra rua.
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