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Tuesday, 14 October 2008

Silhueta - rascunhos de Alice

Não inventa pretexto para me tocar
Me pega pela nuca e beija minha boca
Prova a temperatura do meu corpo
Sem medo de se queimar
Não inventa pretexto para me ligar
Não olha para o relogio,
pode me acordar
Me faz despertar ouvindo você dizer o que sente
É a sua verdade o que eu quero em vocè.
Não inventa pretexto para me encontrar
O encontro ja aconteceu
Eu sei que você existe e você sabe onde estou.
Não inventa pretexto que eu não sei esperar

Minha vida só tem
vinte quatro horas por dia


Com licença e sinto muito
Eu espero do desconhecido
Que ao acaso esbarra em mim
E ainda nem sabe meu nome.

Picture by Andre Moncaio www.flickr.com/andremoncaio

Don’t make excuses to touch me,
Take me by the nape of the neck and kiss my mouth,
Taste the heat of my body,
Without fear of getting burnt

Don’t make excuses to call me,
Don’t look at the clock, you can wake me,
Awaken me to hear you say what you feel,
Your truthfulness is what I want from you

Don’t make excuses to meet me,
The meeting has already happened,
I know that you exist and you know that I am here

Don’t make excuses that I don’t know how to wait,
My life only has 24 hours each day

Excuse me and I’m sorry,
Is what I expect from a stranger,
Who accidentally bumps into me,
And doesn’t even know my name

Tuesday, 7 October 2008

Ainda sobre o Hoje Still on Today


Naquela tarde sem nada para fazer, ele parou em frente à vitrine da loja. Ele com sua calça jeans de todo o dia, camiseta branca...E a cena que segue:



VENDEDORA DA LOJA - com desdem

É muito caro, você não pode pagar.


HOMEM EM FRENTE A LOJA

Nunca se sabe o dia de amanhã. Talvez amanhã me encontre deitado naquele banco pedindo moedas, talvez me encontre numa Ferrari rodeado de mulheres como você.


VENDEDORA DA LOJA - irônica

E o que é mais provável?


HOMEM EM FRENTE À LOJA

Que não me veja mais.


Deu as costas e saiu.
Hoje caminhando perto de London Brigde me senti na Praia Preta no Rio Grande do Norte.
OH GOD!!!!
O que puseram no meu chá?
Walking around London Brigde today
I felt in the Black Beach in Rio Grande do Norte.
OH GOD!!
What to put in my tea?

Sunday, 5 October 2008

A capa que a protegia


A menina pensou que sua capa continuaria protegendo-a. Enganou-se.
Vamos aos fatos:

Toda mocinha de contos de fada vive geralmente em um mundo encantado. Em um mundo encantado tudo é possível. A moça decidiu que passaria uns tempos no mundo dos sonhos...sonhos distantes.

A moça foi sozinha. Diferente das mocinhas de contos de fada, não esperava príncipes. Amazona desde criança, tinha o dominio de seu cavalo e da espada. Aprendeu a usa-la cedo. Mas para o mundo encantado ela foi sozinha. Pela primeira vez realmente sozinha.

Sua capa protetora, que sempre a livrou de apuros, perdeu suas propriedades. A menina começou a sentir coisas que os humanos passionais sentem. Suas próprias reações começaram a assusta-la. A menina perdeu o domínio da situação. Buscou respostas em seus arquivos, mas como nunca havia lidado com isso, não encontrou.

A menina não sabe o que fazer. Esta longe, está perdida.
A menina não sabe nada de reinos encantados. Só sabe que vai ter que sair dele rapidamente.

Mesmo não funcionando, ela ainda tem sua capa. Quem sabe com alguns ajustes...Quem sabe a menina se ajuste.

Monday, 29 September 2008

HOJE É TUDO

Nasci sem o amanhã
Hoje é tudo que tenho
O "pra sempre" construo em cinco minutos
Não é necessário mais do que isso.
O resto do tempo passo criando outros "eternamente"
O passado, deixo para as gerações futuras
Vou, mas não passo
Simulo como seria se fosse infinito
Feliz, continuo, sabendo que vou morrer daqui a pouco
Enquanto daqui a pouco não chega
Eu tenho o agora.
Hoje é tudo que temos.

Sunday, 28 September 2008

se liga "ALICE"

CAIU NA RODA

OU ACORDA

OU VAI RODAR
trecho da música RODA, que você ouve aqui nesse blog.

de Niro e Bardot



INT. – CLUB EM LONDRES – NOITE

Abrimos com mesa de bar.
Tres pessoas sentadas. Entre elas, a narradora da história e Brigitte Bardot. Robert de Niro aproxima-se juntando-se ao grupo. Musica alta.

DE NIRO
Alguém fuma aqui ?

NARRADORA
Só a Brigitte

DE NIRO
Você cederia um dos seus cigarros?

BRIGITTTE
Só tenho um. E tu sabe o que significa o último cigarro. Mas se tu não te importa posso dividir contigo.


Brigitte e de Niro no corredor. Dividem o último cigarro.
Brigitte e de Niro dividem pessoalidades e enquanto dividem se fundem.
Brigitte toca piano. Brigitte toca de Niro.
De Niro esbanja carisma, de Niro desmancha Brigitte.

O cigarro acaba. A noite começa.
Sem roteiro De Niro e Brigitte improvisam.

O dialogo não é em ingles. O diálogo não é em francês.
A língua é aquela em que as reticèncias dão lugar à exclamação.

NARRADORA
Na noite eu assistia a festa. E o encontro de Brigitte com de Niro foi surpreendente. Foi simples. Foi assim. Brigitte sem personagem e de Niro também. De Niro e Brigitte são tão verdadeiros que o roteiro passa a não importar. Não estou ansiosa para saber como a história termina. Não importa se o mocinho é mocinho, se vai haver um vilão. Não importa. Assistindo de Niro e Brigitte percebo que a história pode sempre (re) começar. E melhor assim: de Niro sendo ele mesmo e Brigitte também. Eles são mais interessantes do que qualquer personagem que se possa criar.


EXT. – RUA EM LONDRES- MADRUGADA

De Niro se despede de Brigitte. Os lábios despedem-se unindo-se. Os braços enlaçam os corpos. Os caminhos são diferentes, mas o desejo é o mesmo, desejo dos corpos esquecerem-se um no outro. Adormecerem unidos sem pressa de acorda.

Os corpos distanciam-se e entre eles uma pausa que abre espaço para a dúvida.

Brigitte segue seu caminho pensando
De Niro segue seu caminho pensando
Narradora segue seus caminhos...

Do primeiro andar do onibus narradora observa a rua.

Subjetiva de uma estrada sem fim.


p.s: A roteirista não cria nada, apenas aguarda as próximas improvisações. Sem data para estréia.

Tuesday, 23 September 2008

Que cor tem Londres? - Identidade parte I


Jacson me pergutou: que cor tem Londres?

Eu aqui estudando inglês, lamento por não tê-lo ainda na ponta do ouvido.

Em Brixton, um dos bairros “negros” de Londres, vejo uma cena que dispensa o entendimento da língua.

Duas garotas brancas bebendo coca-cola e rindo muito. De repente um homem negro que estava ao lado segurando uma cadeira de rodas começa a esbravejar. Furioso, dispara uma rajada de palavras que meu parco vocabulário não permite reconhecer. Mas uma frase eu entendi, talvez pelo número de vezes que ele a pronunciou:

black and white

As garotas pararam de rir e de tomar sua coca-cola. Também não lhe responderam nada, assim como os outros presentes, apenas ouviram, um pouco assustadas. Um rapaz negro que passava pareceu defende-las e trocou alguns insultos com o senhor, mas apenas passou. Elas brancas , o homem negro e eu continuamos ali. E a frase que se repetia:

black and white black and white black and white

Lembrei de Gilberto Freire e o vídeo que assisti no Brasil pouco antes de vir pra ca “Nosso povo brasileiro”. Fiquei curiosa para saber: quando ele olha pra mim o que vê – uma branca ou uma negra. Quando as louras inglesas olham para mim o que enxergam?

Tenho uma amiga da minha cor, que diz que sou negra, mas ela não. Tenho uma amiga gaúcha de olhos azuis que me chama de louca quando eu digo que sou pretinha. Ela imediatamente me corrige dizendo que sou muito é branca...
Eta povo cafuso, eta povo confuso!


Descobri que você pode dizer o que quiser, mas a sua cor só os outros enxergam.

Jacson, respondendo a sua pergunta, Londres tem todas as cores, mas elas não se misturam como no Brasil.


Sunday, 7 September 2008

porque sempre acreditei


heathrow airport - London

FAÇA JÁ SUA RESERVA

charge: JJ Marreiro



FAÇA SUA RESERVA

condições especiais para estudantes
e turistas



...então o viajante decidiu que iria trocar experiências. Se programou, fez seus contatos, contabilizou os gastos possíveis. E foi.

Saiu de casa sem fazer reservas, alguns hotéis não faziam essa exigência, outros no entanto, impossível aproximar-se da porta sem antes ter feito uma solicitação formal com pagamento adiantado. Ele foi naquele que muitos de seus amigos já haviam estado, e que alguns ainda se encontram.


E na recepção:
Recepcionista: O que o senhor vem fazer aqui?
Ele achou a pergunta um tanto invasiva, mas respondeu . E ela seguiu
Recepcionasta: Por que veio fazer isso? Por quanto tempo? Conhece alguém aqui? – e finalmente a pergunta mais importante – Quanto tem na carteira?
Ele respondeu tudo sem titubear. A recepcionista, a cada nova resposta, parecia mais simpática. Até que ao final da entrevista, ali no balcão mesmo, ela pediu seu cartão – VISA - e ele enfim teve acesso a entrada.

Então outro viajante decidiu que tinha que cair na estrada, só não tinha escolhido que estrada. Pegou qualquer uma. Foi. Foi assim meio cheio de sonhos mas sem nenhum objetivo concreto. A mala não era muito pesada. O suficiente para viver. O suficiente para viver não pesa...muito...as vezes.


Ele saiu do hotel que estava, que residia desde criança. Ali, mesmo sem pagar aluguel, ele vivia. Fazia alguns “bicos” em troca. O hotel aceitava seus préstimos como pagamento. No entanto ele não estava nada satisfeito. Quando fazia frio, seu quarto sem aquecedor, entorpecia seus membros. E quando fazia calor, seu quarto sem ventilação...

Ele foi parar no mesmo hotel que o primeiro viajante, ficou sabendo que o tratamento é bom e que se paga bem pelos “bicos”. A recepção foi a mesma mas a receptividade diferente:


Recepcionista: O que veio fazer aqui?
Viajante: Vim viver.


A moça torceu o nariz e foi direto para a pergunta que importava:


Recepcionista: Quanto tem na carteira?
Viajante: Não muito. O suficiente para passar alguns dias.
Recepcionista: E como pretende pagar pela sua estada?
Viajante: Eu trabalho direitinho. Sei fazer várias coisas e não tenho medo de serviço pesado não. Qualquer coisa eu faço.

A moça fechou seu caderno de reservas. Ele insistiu, mostrou seu cartão. Ela negou seu VISA. Pediu que o viajante fosse à gerência, onde ele passou mais algumas horas tentando convencer a administração, sem sucesso. Foi mandado ao hotel de origem.

Ele não tinha muito quando viajou, mas voltou com a sensação de nunca ter tido nada. Sentindo-se inferior. Descobriu que não podia ir para qualquer lugar. Descobriu que tudo tem um preço e que esse ele não podia pagar.


O hotel em um relatório justificou seu procedimento. Tudo justificado.

O que o viajante não sabia sobre o referido hotel:
- que o preço que se paga pela diária é caro.
- que esse hotel tem fama reconhecida porque oferece serviços de qualidade, mas para isso é necessário pagar por eles e pagar bem.
- que o valor do seu apartamento anterior, amplo, com varanda e playground, nesse hotel, daria para custear apenas uma vaga num apartamento com pelo menos mais dez pessoas.

Havia que se colocar na balança. Mas não deu tempo. Ele voltou sem viver essa experiência.


Percebeu que o hotel em vivia desde criança também tinha restrições à entrada de "alguns" novos hóspedes, que ele também desejava hóspedes que pudessem pagar. Foi quando se deu conta, que com os “bicos” prestados ao hotel, sempre pagou mais do que devia. Que ele não vivia ali de favor. Que o hotel sim é que lhe devia mais do que simplesmente um teto.

Sentindo-se impotente, usado, desejou não estar em hotel algum.

Foi pra rua.