Wednesday, 18 November 2009

Wednesday, 11 November 2009

Goethe

Todo tipo de coisas podem acontecer para que aquilo que jamais aconteceu, aconteça. Tudo aquilo que alcança sucesso deriva de decisões, nos colocando ao risco de incidentes invisíveis, encontros e ajuda material, de tal modo que nenhuma pessoa imaginaria ver à sua disposição.
Trabalhe em tudo o que pode fazer, ou sonha fazer. Na atitude audaciosa se encontram o gênio, poder e magia.
(Goethe)

bons momentos



Se você está de passagem e encontra alguém cantando uma de suas músicas favoritas...
o que faz?

Pára para ouvir ou se apressa para não perder o trem?

london



Monday, 2 November 2009

Saturday, 31 October 2009

Maria - mais uma personagem da vida real



E a história começa assim: voltando para Londres, desta vez apenas por alguns dias. Agenda programada, apresentação de projeto para fazer. Tudo claro, objetivo, programado...mas o que nessa vida pode-se dizer que efetivamente foi programado?

Tudo está por ser, tornar-se, encontrar-se, completar-se, tropeçar-se, cair-se...

Além de uma câmera de vídeo ganho do casal, Elvira/Fábio, uma carona até o aeroporto. Obrigada!!!! Acho que eles esperam um registro melhor do que o da primeira viagem. Espero corresponder.

Novamente no aeroporto sozinha, preparada para mais um vôo internacional. Aeroporto tem a mesma energia de hospital: enquanto uns comemoram chegadas, outros tristes, lamentam despedidas. Em alguns a mesma tensão, a mesma expectativa. Hospital e aeroporto não é um lugar para se estar sozinha. Mas como diz a lenda, eu apenas de passagem...

Aproxima-se de mim Maria, me faz uma pergunta e daí iniciamos aquela conversa trivial que pessoas desconhecidas travam quando estão juntas em um ambiente onde não se tem para onde ir. Estávamos na fila de espera para o embarque.

Fila: lugar perfeito, em essência, para se estabelecer contatos imediatos.

E olha que brincadeira interessante do universo, num avião com trezentos e tantos assentos, a pessoa que fica ao meu lado na fila é a mesma que irá me acompanhar durante todo o vôo. Minha poltrona 20B e a dela 20C.

Eba!!! Estou começando a gostar da viagem.

Maria mostra seu passaporte chileno. Revela que tem um britânico, mas quando passa pelo Brasil mostra o chileno e quando chega ao Reino Unido, usa o inglês. Ou seja, cidadã do mundo, com entrada garantida lá e cá. Na verdade ela só precisou passar por terras tupiniquins porque no Chile não há vôo direto para Londres.

Maria está em seu segundo casamento. Seu atual marido é chileno mas mora na Inglaterra há muitos anos. O encontro dos dois se deu quando ele passou pelo Chile de férias. Deu-se o encontro e depois dele algumas tantas despedidas e talvez muitas idas ao aeroporto. Mas como o bom encontro é de dois quando ele acontece não há aeroporto que separe.

Eles se casaram e ele voltou para a Inglaterra sem ela, mas todo ano, em suas férias, ele retornava ao seu país para vê-la. E assim passaram-se treze anos!!!! Até que um dia, quando tudo estava favorável, Maria foi ao aeroporto, com seus três filhos, do casamento anterior, mas dessa vez foi não para despedir-se dele, mas do seu país. Junto com seu amor, foi para a terra da Rainha deixando para trás seu Chile do coração.


Maria é uma entre tantas outras que prefere lidar com a saudade do que com as limitações de uma vida sem perspectiva. Ela me disse: o Chile é igual ao Brasil, não se consegue viver bem lá, ter o que se deseja, estudar...E por falar em estudar, este item na cesta básica da Maria é gênero de primeira necessidade. Ela terminou recentemente sua graduação, e o fez na mesma classe, no mesmo curso de suas duas filhas. Família que estuda unida... deve aprender alguma coisa.

Maria estava no Chile de férias, lá passou um mês. Tem saudades, pensa em voltar, mas por enquanto sua terra continua sendo a mesma de Elisabeth. E ela é recebida no aeroporto por sua filha, que com lágrimas nos olhos a abraça. Mas as lágrimas de sua filha são as mesmas daqueles que estão no hospital e recebem a noticia que o parto terminou, que a criança nasceu e passa bem. As lágrimas de sua filha são lágrimas daqueles que esperam os que são aguardados. Que sejam bem vindas as Marias assim como as Helenas*.


* ontem recebi e-mail da Maysa, companheira atriz/escritora, dizendo que pariu a pequena Helena.

Sunday, 25 October 2009

se OS mundo fosse como eu querIA

SE EU GOSTASSE DE VOCÊ
E VOCÊ TAMBÉM DE MIM
EU TE BEIJAVA NA BOCA
TIRAVA SUA ROUPA
TE ENLOUQUECIA E FICAVA LOUCA

EU TE CHUPAVA
TE LAMPIA
SÓ COM OS OLHOS TE COMIA
TE AMAVA
TE QUERIA
NESSA NOITE TE FAZIA

QUEM GRITAVA?
QUEM GEMIA?

AH SE EU GOSTASSE DE VOCÊ E VOCÊ TAMBÉM DE MIM...!!!

MAS PARA ISSO VIR UM DIA A ACONTECER
EU VOU TER QUE VIRAR HOMEM,
E VOCÊ...
TAMBÉM!

um brincadeira com um amigo (rsss)

Wednesday, 14 October 2009


como é que deve ser
encontrar alguém
que encontrou você?

Wednesday, 16 September 2009


Querida Jhaíra,
querido Noel,
queridos,

me tocou
me olhou
me ajudou
a sentir
isso
que veio cheio de imagens,
lembrançasde dias ricos,
de aprendizados,de descobertas
tb eu acreditei em Noel
e quando conheci
Noel
também eu vi a magia se fazer à minha frente
que ele sinta estas emoções
com a gratidão que vai
gorda diretamente a seu destinatáriono
leste
no sul
na palestinana
laponia
em Orion
ou dentro de nossos corações
tb não deu tempo de eu responder aos tantos amigos
antes
mas agora
digo que adoraria rever
reler
cada um

Noel nos deu isso de presente
e obrigada Jhaira, a vc tb muito amor e luz a todos,

Paula Lopez*


Paula é atriz e tradutora. Por sua boca, em muitos momentos desse encontro, falamos a mesma língua.

Friday, 11 September 2009

.

quando você sabe que é?

Porque tem forma:

tem cheiro

cor de olhos

cor de cabelo


tem sorriso

tem andar

tem ginga


tem lembrança

tem recordação

tem história


tem data de aniversário

tem endereço

tem digital

tem todos os sentidos nele.

não tem sentido querer explicar

.

Wednesday, 9 September 2009

Papai Noel



Quando eu era "mais menina" (muita gente acha que ainda sou) costumava enviar cartas ao Papai Noel. Por ser uma boa garota (muita gente acha que nunca fui), ficava esperando que ele atendesse meu pedido.

Meu pedido era sempre o mesmo: quero conhecer sua terra.

Todo ano a mesma coisa, todo ano escrevendo e nada de ser atendida.

O tempo foi passando, e eu esquecendo do que pedia. Parei de escrever para Papai Noel. Mas a pratica foi tanta, que passei das cartas para os contos e derivados. Passei a escrever sem destinatário. Talvez, inconscientemente, esta tenha sido a forma que encontrei para operar sobre a expectativa. Porque se não endereço o que escrevo, serve a qualquer um e a ninguém.

Mas nunca se sabe o suficiente, precisava afinar meu instrumento. Cursos e mais cursos ...até que em um deles, disfarçado de professor, lá está ele: Papai Noel.

Meu ímpeto foi de virar para a colega ao lado e perguntar: É o Papai Noel, não é?. Mas quando olhei para ela, vi que ela já não era mais menina, e lembrei que eu também não. Naquela turma de escritores emergentes, não deveria deixar que meu entusiasmo* manchasse a boa impressão que deveriam ter de mim.

Mas eu o reconheci, e sabia que ele também nos reconhecia, que lembrava em detalhes cada linha das nossas cartinhas da infância. E ali, todos juntos, ele somente pedia que escrevêssemos mais e mais. Depois ele recolhia tudo e guardava. O que será que ele quer agora? Reconhecer nossas letras? Reler nossos desejos?

Ele voltou para sua terra sem conseguir se despedir. Deixou um grande abraço a todos e também seu e-mail. Tempos modernos!

Muito bem. Vou escrever um e-mail então. Talvez ele não tenha recebido minhas cartas, mas se não receber o e-mail pelo menos terei um “Undeliverable mail”.

Desta vez Papai Noel respondeu.

- Papai Noel to indo. – eu disse
- Venha. –ele respondeu

Venha?
Simples assim?
Então a elaboração das cartas anteriores estava errada. Deveria trocar o “eu desejo”, “eu gostaria” pelo “eu vou”, “estou aqui”. Ser mais afirmativa.

Fui. E lá estava ele de braços apertos me recebendo, me orientando, cuidando.

Apontando caminhos e pessoas sempre com a recomendação: Diga que eu estou enviando você. Ele era tão querido, que todos me recebiam como se eu fosse a própria filha de Noel, que era quase o mesmo que ser filha do rei, ou melhor, da rainha.

Vez ou outra certificava-se: como está? Está bem acomodada? Precisando de algo?

O meu tempo na terra de Noel estava chegando ao fim. Também retornei sem conseguir me despedir pessoalmente.

Já em casa, retornei ao contato escrito, agora por e-mail.

Depois de uns meses, um dos seus veio visitar as terras de cá. Michael chama-se. Que também conheci por lá, seguindo recomendações de Papai Noel. Michael revelou, que quando me viu na fábrica de sonhos (também conhecida por sala de ensaio) incomodou-se com minha presença, mas ao saber que era uma enviada de Papai Noel, pensou: : “Seja bem vinda.” Perguntei sobre Papai Noel, que agora não respondia também meus e-mails. Michael disse que na verdade ele sempre preferiu as cartas, e que atualmente não via mais e-mails. Aconselhou-me a enviar uma.

Não o fiz de pronto. Foi quando nesta semana recebo um e-mail dizendo “Lembra-se da carta que pedi que escrevesse a Papai Noel? Acho que é um bom momento para enviar.”

Entendi a mensagem, e junto com a missiva queria enviar também um livro que ajudei a escrever e que será lançado este mês. Quando descobri que não estaria pronto esta semana decidi enviar apenas a carta. Hoje.

E foi hoje também que recebi outro e-mail. Dizendo que não preciso mais me preocupar com a carta. Papai Noel se foi. Foi para um lugar aonde as mensagens não chegam via correio. Foi descansar dos pedidos, das expectativas.

Papai Noel foi sem minha ultima carta. Nela eu só queria dizer THANK YOU!!!

Mas achei pouco. Queria enviar mais. Não deu tempo.

Hoje, penso que se antes da minha partida recebesse uma carta com essa única frase, iria certamente sorrindo.

Porque às vezes a gente acha que não faz diferença nenhuma.
Papai Noel, obrigada!!! Fez toda a diferença.

A carta que escrevo hoje não é pra você, mas por você.
Hoje 09/09/2009
************************************************************************************
outro post que escrevi sobre ele e a viagem http://jhairas.blogspot.com/2009/02/destino-london.html


about Noel http://www.writewords.org.uk/interviews/noel_greig.asp

* ter Deus dentro da gente

Friday, 4 September 2009

by Marina Colasanti

Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.

Wednesday, 2 September 2009

Ofélia - by Shakespeare



- sabemos o que somos, mas não o que podemos ser.

espero que eu seja

devemos ser pacientes.



- Pobre Ofélia

fora de si e alheia a seu claro juízo.



- Ali está o rosmaninho, que é para recordação.



- the rest is silence

Friday, 28 August 2009

Seu Fish


Seu Fish
É pessoa inteligente, culta
Acostumada a viver só
Mas Seu Fish também quer companhia
Revoga sua decisão
E permite a divisão do espaço da escova de dente no banheiro

Seu Fish dá a chave da casa,
Permite a entrada do outro
Mas como um bom locatário
Apresenta as condições.

Para a outra pessoa:

Mude de casa
De post code
De itinerário

Mude de profissão
Mude seu meio de locomoção

Mude hábitos
Conheça meus amigos
Circule por entre os meus

Estabeleça novas metas
Sonhe outros sonhos
Para estar comigo

Seu Fish
Desconsidera o “andar ao lado”
O outro que venha atrás,
Que se beneficie da sombra que Seu Fish produz.

Mas o outro não tem medo de insolação,
Quer o sol queimando na pele também.
O outro também quer deixar rastro
Sentir a poeira do caminho escolhido
Engolir a água do mar desejado

O outro quer dizer a Seu Fish
Que o mundo é bem maior
Do que o seu quadrado

E Galileo já dizia: Ele é redondo.

Thursday, 27 August 2009

quando nascemos...

DRUMMOND
POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra


Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens


Que correm atrás de mulheres.


A tarde talvez fosse azul,


Não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:


Pernas brancas pretas amarelas.


Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.


Porém meus olhos


Não perguntam nada.


O homem atrás do bigode


É sério, simples e forte.


Quase não conversa.


Tem poucos, raros amigos


O homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste


Se sabias que eu não era Deus


Se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,


Se eu me chamasse Raimundo


Seria uma rima, não seria uma solução.


Mundo mundo vasto mundo,


Mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer


Mas essa lua


Mas esse conhaque


Botam a gente comovido como o diabo.



ADÉLIA PRADO
COM LICENÇA POÉTICA

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.


Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.


Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.


Não sou tão feia que não possa casar,


acho o Rio de Janeiro uma beleza e


ora sim, ora não, creio em parto sem dor.


Mas o que sinto escrevo.


Cumpro a sina.


Inauguro linhagens, fundo reinos


- dor não é amargura.


Minha tristeza não tem pedigree,


já a minha vontade da alegria,


sua raiz vai ao meu mil avô.


Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.


Mulher é desdobrável.


Eu sou.




Friday, 21 August 2009

Temperamento de mulher




Saiu do quarto gritando
Desceu a escada
Chegou na sala gritando
Abriu a porta, correndo saiu.
Na rua gritando,
Barulho de carro,
Ninguém ouviu.
Gritando pela avenida,
Gritando pelo quarteirão,
Gritando pela vida.
Chuva caindo
Molhou seu rosto
Pôde chorar
Sem revelar a lágrima
Chuva escorrendo na face.
Gritou até não mais escutar.
Correu, correu até voltar para o mesmo lugar.
Abriu a porta,
Entrou na sala,
Subiu escada
Fechou o quarto
Silêncio
Só depois do grito
Se pode calar.
Como é bom
Ter para onde voltar.

Thursday, 20 August 2009

rubro chão, rubro caminho

Ai que torceu, torceu
pingou vermelho
doeu.
Esparramou,
lágrima represou no olhar
petrificou.
o que era doce
salgou.
ai que torceu, torceu
estendeu mas não secou
continuou pingando vermelho
rubro chão
rubro caminho
segue, apresse
não adianta
sozinho.
ai que torceu, torceu
segurou respiração para não sentir
no adiantado das horas
não dá para distinguir
mistura gozo com dor
mistura amor com saudade
mistura choro com alegria
mistura, mistura
não consegue separar
mas juntos não estamos
torcer, torcer
pra parar de pingar
lágrima represou o olhar.

Tuesday, 21 July 2009

apresentação: Ártemis




Vou de peito aberto!

Se tiver lança, que me fira

se tiver abraço, que me envolva

se tiver obstáculo, que me pare

se não tiver nada...

tem caminho



para Raja

encontro de estação

e elas foram ao chão
sabiam que não havia outro lugar onde pudessem estar
abriram espaço para uma nova estação.
fizeram-se caminho para os distraídos
que ao passar por elas não perceberam
mas a moça do olhar de névoa
viu na queda poesia.
enquanto deslocava-se, despediu-se.
no dia seguinte, sabia,
não as encontraria ali.

Sunday, 21 June 2009

manhã de outono

Hoje meu coração acordou como o dia: ENSOLARADO!!!!
Sem sofrimentos por antecipação.
O canto do passarinho que me acordou em plena São Paulo revela os cantos que estão ecoando enquanto a gente sem tempo de ouvi-los.
Ontem eu pedi!!!
Mas hoje eu só consigo agradecer!!!!!
OBRIGADA!!!!!

Album de família















Add Video





rimãs (esta faltando a mais velha)
rimão e rimãs (está faltando a mais velha)



qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência



E o album de família se atualiza a cada nova primavera, outono ou inverno.


Porque lá em casa todos fazem anos quando as folhas caem,


quando se (res)guardam ou quando desabrocham.


Porque na casa das quatro filhas e de um único filho (tadinho!)


mãe e pai, outono e inverno (respectivamente)


sabem que no verão o homenageado é o Astro Rei.


E são dele todas as coroas e bolos e festas.


E a cada primavera, outono e inverno


vemos as crianças das fotografias ficarem amareladas.


E agora que as fotos são digitais, em que cores elas se mostrarão?


Nas fotografias digitais, as folhas só ficam amareladas quando é outono


enquanto as crianças, homens e mulheres revelam as mesmas cores de antes.


enquanto as crianças viram homens e mulheres.


enquanto homens e mulheres geram outras crianças.


E como serão registradas as crianças geradas pelas crianças que nas fotos não ficarão amareladas?

e na fotografia o Kiko é casado com a Chapéuzinho Vermelho - será que deu a louca nela?

06/06 - Niver da Branca com temática das Garotas Super Poderosas. Duas geminianas em casa. Tadinnhos!!!

Sunday, 24 May 2009

Mostra Latino Americana de Teatro de Grupo

Este ano a Cooperativa Paulista de Teatro completa 30 anos e pelo quarto ano organiza a Mostra Latino America. Um pequeno mas significativo intercâmbio.

O evento aconteceu entre os dias 04 e 10 de maio. Infelizmente consegui acompanhar poucas atividades, entre elas a abertura com o grupo Cultural Yuyachkani (Peru) com o espetáculo El último ensayo.

"O história se passa em um antigo cine-teatro, um grupo de artistas relembra o repertório musical de uma cantora que ao longo do século XX foi sucesso internacional, divulgando o nome e a cultura do país pelo mundo"

Tuesday, 5 May 2009

mudança - muda andança - muda a dança


E tudo começou assim
mudou a paisagem
miragem, viagem
trem na estação
passando, convidando
seguindo
Sol se pondo na sala
Sol nascendo no quarto
E continuou assim
outra paisagem
trem, ainda miragem
na janela imagem de interior
interior brotando no centro
capital, sofrimento
E a mudança convida
tira para uma nova dança
andança
quem é de ar
ao ar tem que voltar
Sopra o vento e muda a duna
Duna se deixa levar.


Sunday, 26 April 2009

Qual é o sabor daquilo que desconhecemos?







- Faz brigadeiro que é um prato que ninguém conhece aqui.

Fui tomada por um misto de perplexidade e comiseração. Como terá sido a infância das pessoas daquele vilarejo sem brigadeiro nas festas de aniversário???!!!!! Qual a vantagem de se ter nascido no primeiro mundo, se quem está no terceiro é que ganha o prêmio?

Uma fotografia da festa de aniversário da minha irmã mais nova, registra a minha face com um sorriso maroto de quem aprontou alguma travessura, e um bom observador pode ver a tal travessura se olhar atentamente...uma bandeja inteira de brigadeiro escondida embaixo da tábua do bolo. Apenas eu e meus cúmplices compartilharíamos daquilo que passei a tarde inteira preparando, enquanto planejava o seu desaparecimento.

- Você nunca viu neve?!!!! Perguntaram-me do lado de lá. – Nunca ficou esperando para vê-la cair, e na manhã seguinte saiu correndo para ouvir o barulho dos próprios passos nela?

Recebi o mesmo olhar de comiseração que havia ofertado momentos antes.

Tudo bem. Eu cresci sem neve e você sem brigadeiro. Está certo. Ainda assim fomos crianças felizes. Crianças normais, sem crise. Você por não saber o gosto que o doce tem e eu por não imaginar a textura da chuva congelada.

Mas e agora que crescemos e fomos apresentados um para o outro. Agora que conhecemos a delícia de cada um, é possível viver sem?

Também cresci sem diferenciar as mudanças das quatro estações, para mim ou é quente ou frio, chove ou faz sol. Não me acostumei a ver as árvores do meu dia a dia sem folhas. Elas são verdes o ano inteiro e estão lá. Não aprendi a viver com a sua ausência.

Você tem o olhar educado para vê-las secas, tem a paciência de vê-las florir, se acostumou a suportar o frio das noites e dias, e espera ansiosamente o calor do sol, que nem sempre aquece.

Enquanto a gente desconhece não sabe a falta que faz.
Enquanto a gente não conhece, passa bem.
A ignorância domestica a alma.

Com a responsabilidade daquele que cativa, não deixei apenas o gosto da lembrança na boca, porque sei que ele pode amargar.
Despedi-me do vilarejo deixando a receita do doce. As próximas gerações de crianças daquele lugar crescerão com a neve e com o brigadeiro.

Para as crianças daqui não pude trazer a neve, mas sei o caminho, e direi aonde elas podem encontrar.

E quanto a mim que cresci sem, fica a lembrança, fica a saudade, fica o gosto de querer voltar.

A neve se instalou no coração,
mas aqui o sol brilha o ano inteiro.
Só conheço o inverno e verão...
verão, verão.....
Doce é o sabor do brigadeiro!!!!!


1. Brigadeiro na colher - niver da Raja São Paulo-Brasil 2009
2. Brigadeiro na forminha - despedida de Londres -Inglaterra 2009
3. Brigadeiro na Bandeja - reveillon em Chambon- França 2008-09

Tuesday, 21 April 2009


ouve, fica atento
isto é canto de ave
ou é um triste lamento?

sentindo o golpe, começou a chorar.
com vergonha das lágrimas que não conseguia estancar,
perdiu perdão à sua ancestralidade


sua bisavó índia,
guerreira da mata,
parteira de seus próprios filhos,
através da mãe terra
lhe respondeu:

Forte é o vaso
que mesmo rachado
não se quebrou.



em outras luas muitas conversas tiveram
quem veio da mata, não pode ter medo de se perder nela.

CONEXÃO - SINTONIA


WHAT HAPPENS NEXT - O QUE VEM DEPOIS...2


o que vem depois

do sorriso

da noite mal dormida

da queda

?



do café frio

de um dia de sol

da maré baixa

da ressaca

?

o que vem depois...

da saia rodada

do sapato furado na chuva

do abraço sem vergonha

do ônibus que NÃO te esperou
?


o que vem depois do amanhecer ?



o que vem depois

do banho quente

da pessoa que NÃO ligou

do pesadelo no meio da noite

da gargalhada de criança

da separação
?


do cachorrinho que te seguiu no meio da rua

do desconhecido que te paquerou no metrô
?


o que vem depois

da gripe

da deportação

do filme que você não podia perder

do onibus que te esperou
?




o que vem depois do

"eu te amo"


? ? ? ? ? ? ? ? ?

o que vem depois

da chuva

do sol sem protetor

da festa que acabou

da pessoa que te LIGOU
?



o que vem depois

do espirro

do suspiro

do grito

do bocejo

do desejo

do gozo
?


o que vem depois

da vida ?



o que vem depõe a favor ou contra você ?



o que vem depois vai me seguir

não vou ficar esperando



o que vem depois vou descobrir

enquanto o agora vai passando
........................................

Friday, 13 March 2009

conversa de botequim... virtual


em vermelho Gigi em Azul Jhaja



Falei com Ele
um montão
pensei que saudades
seria menor
após
porém
diminuiu não
vou tomar um avião!

a saudade diminui não
a distãncia estimula seu crescimento
a gente muda a rotina, respira outros ares vè "outras gentes"
dorme cansada, após dia fatigante e acorda com ela do lado
mas era com ela não que esperava amanhecer.
aviso que aqui ela é hospede, que um dia tem que partir.
mas ela nem toma conhecimento, vai quando quer,
ainda nem programou a partida
e quando for, diz, vai sem despedida.
enquanto isso quero arrumar a mala e tomar o avião de novo
para quando a Saudade acordar não me encontrar ao seu lado.
quem sabe assim ela se anima e faz as malas também.

Menina! Parceria.
e par seria... se não fosse a saudade como companhia
gosto dela
não a desprezo
mas, que tal
ao invés de recheio
ela apenas um adorno
enfeite somente

apenas adorno
apenas adorno
a dor no peito
com a saudade como recheio
tem graça não...
continuo querendo pegar o avião
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
postagem inicial Gigi Trujillo http://gigitrujillo.blogspot.com/

olhos de Dali, olhos de Séb















enquanto pensava
captaram sua imagem
só seus pensamentos não conseguiram registrar.
e estes estavam longe, bem longe
do outro lado do mar.

"parece o quadro de Dali"
disseram
e em sua ignorância
desconhecendo a imagem
pode apenas não duvidar.

passado o carnaval
retornando à rotina
deu um "google" no Dali
então encontrou a imagem
e reconheceu-se nela

"não sei o que ela pensa
não sei por quem espera
mas se realmente o corpo fala
sei que ela tem esperança"

uma perna apoiada
enquanto a outra descansa




Saturday, 28 February 2009

destino: LONDON


Noel Greig













todas as nacionalidades - all the cultures



Algumas grandes decisões em nossa vida são tomadas de uma hora para outra. E assim foi em relação a minha viagem à Londres. Não sei exatamente porquê tinha tanta curiosidade em conhecer estas terras, mas sabia que precisava estar lá em algum momento.

E foi assim de uma hora para outra. Em 1988 decidi: Eu vou. Em 2008 eu fui. Vinte anos se passaram desde a decisão à realização, “de uma hora para outra”, como muitos disseram. Não foram vinte anos maturando a idéia, nesse meio tempo vivi outros lugares, descobri outros territórios dentro do meu próprio país e ao descobri-los me apaixonava ainda mais pela possibilidade de andar descalça na areia, tomar água de coco e açaí na tigela, ter a pele morena rosa, ouvir o mar...naturalmente fui me distanciando do desejo de ver castelos, usar casacos pesados e viver entre recessivos (olhos claros, cabelo loiro, pele branca).

No entanto, se deu uma dessas coisas estranhas que acontecem sem explicação. Um inglês, um dramaturgo, Noel Greig, reaviva o antigo desejo e não o faz a distância, veio me cutucar em terras tupiniquins. E a decisão que tinha sido tomada há vinte anos enfim se concretizou.

Afinal o que VOCÊ vai fazer em Londres?
Afinal o que EU vim fazer em Londres?

Escrever.

Em que curso, onde é a escola, quanto tempo?

Curso? Escola? Tempo....

A matéria aqui é outra e a didática também. Se no Brasil, meu olhar acostumado, encontrava as histórias em esquinas, vilas, feiras, caminhos, amigos, desconhecidos...O que fazer com esse olhar numa cidade em que a mão é esquerda, e saber olhar para o lado certo ao atravessar a rua é uma questão de sobrevivência? Sem esquecer da escuta! A informação não vem trazida pelo vento já traduzida no bom e claro Português. E sabe- se lá em que língua essa informação pode chegar! A cada momento um idioma diferente. Aqui as histórias não chegam prontas. Não basta sentar e deixar que elas se contem, tenho que traduzi-las. E por vezes ela me é apresentada através de uma expressão fechada , um tom de voz mais elevado, um olhar perdido, uma garrafa vazia ao lado da menina desfalecida na calçada, do silêncio quando a situação pedia fala.

Londres definitivamente , para mim, não é uma cidade de paisagens. É uma cidade de humores, da convivência entre os muito diferentes, das desejadas “chegadas” e das infindáveis “partidas”. Dos enlaces que mal iniciam, esquivam-se do meio, evitando o fim, por vezes, inevitável.

Não é uma cidade fria, é uma cidade reservada, não diria discreta, pois a deselegância indiscreta de suas meninas não me permitiria fazê-lo. É uma cidade que não lhe oferecerá um abraço, mas deseja recebê-lo e sabe retribui-lo, à sua maneira.

Seu povo é gentil e solícito quando consegue notar a presença do outro, mas para tanto, é necessário deixar os tablóides repousados nos assentos do metrô e perceber a pessoa sentada no assento do metrô, logo ao lado, bem pertinho, respirando junto.

As pessoas em Londres não merecem o clima de Londres: céu cinza, a noite que começa às quatro da tarde, o sol que faz charme e se recusa a aparecer... As pessoas em Londres merecem luz, uma luz que ilumine os olhares, que possibilite enxergar a terra que ninguém vê, como bem sabe Cora.

As pessoas de Londres podem inspirar histórias mais coloridas, mas para existir cor, tem que haver mistura. Uma mistura que já acontece, timidamente, revelando alguns tons, mas que ainda guardam suas nuances.

WHAT HAPPENS NEXT - O QUE VEM DEPOIS...


QUE BOSSA É ESSA?

What bossa nova is this?
Are you crazy, gal?
Iansa has a temple here
and Baco is a manager of a chain of pubs
What bossa nova is this, girl?
You are in Ami’s house
And at 5 pm she serves wine in an English tea set
Here if you stare, sparks fly
If you touch, fire starts,
If it’s the real thing, It ices over,
It ices over, girl.
What bossa nova is this, gal?
Flip flops, cotton print dress
Like this, the girl is iced over
Is this bossa nova new?
five hours on msn
three more on facebook
“text” here is a verb
and "I’m think of you" never gets conjugated
Here everyone is learning the same language
everyone desperately trying to speak the same language
the girl on the underground speaks english but does not understand me
the boy with the jazz speaks portuguese and you don’t understand him
are we talking the same language?
Are we talking?
with what are you communicating?
with who are you communicating?
In which part of the world is your father?
and the belly which gave birth to you, where is it?
Do you have siblings here?
And has the love of your life already left?
Or didn´t arrive yet?
A Venezuelan girl said last week
"That this place is no good for too long.That this place drives you crazy"
Here “where are you from?” comes before “what’s your name?”
And “when do you go back?” comes soon after “how long have you been here?”
Just to not let you forget where you came from
And that at some point you’re going to have to leave, boy
That person with the "nice to you meet you" yesterday
Is leaving tomorrow
Is going to take the train because they live in Europe
Is going to take the plane because they have an ocean to cross
Is going to take a suitcase and still have to pay baggage excess
Even after leaving a load of things behind
What bossa nova is this?
That person with the “nice to meet you” yesterday
Is leaving, but taking you with them
And you, what are you taking?
London has big eyes
And it sees the world turning
And if they don’t come calling for me
I’m staying.
PORTUGUES
Que bossa e essa?
Tu ta loca guria?
Iansa aqui tem templo
E baco é maneger de um rede de pubs.
Que bossa é essa menina ?
Voce esta na casa da Ami
E as 5 ela serve vinho no jogo de chá ingles
Aqui se olhar sai faisca
se encostar pega fogo
e se for pra valer congela
congela menina.
que bossa é essa guria ?
sandalinha de dedo,
vestidinho de chita
assim a menina congela.
essa bossa é nova?
cinco horas no msn
mais três no facebook
text aqui é verbo
e “eu penso em você” não se conjulga.
aqui está todo mundo aprendendo a mesma lingua
todo mundo desesperado tentando falar a mesma lingua.
a menina do underground fala ingles mas não me entende,
o menino do jazz fala portugues e voce não o entende.
a gente fala a mesma lingua?
A gente fala?
com o que voce se comunica?
com quem voce se comunica?
de que lado do mundo esta seu pai ?
e o ventre que te pariu onde esta?
Voce tem irmãos aqui?
E o seu grande amor ja partiu?
Ou ainda nem chegou.
A venezuelana falou semana passada
"Que aqui não dá por mais tempo. Que aqui voce enlouquece "
Aqui o "where are you from"
Vem antes do "whats your name"
E “when do you go back?”
Vem logo depois de “how long have you been here?”
So para não te deixar esquecer de onde voce veio
E que uma hora voce vai ter que ir menino
Aquela pessoa do “nice to meet you” de ontem
Vai embora amanhã
Vai pegar o trem porque mora na europa
Vai pegar o avião porque tem um oceano para atravessar
Vai pegar a mala e ainda pagar excesso de bagagem
mesmo deixando um monte de coisa para trás
Que bossa é essa?
Aquela pessoa do "nice to meet you" de ontem
Vai embora, mas vai levando voce
E voce vai levar o que?
London tem big eyes
E ele ve o mundo girar
E se não vierem me chamar
Eu fico.

Monday, 2 February 2009

London London 02.02.2009

ABAIXO o que foi manchete da BBC

"The worst snowfall to hit the country in 18 years caused travel chaos on the roads and railways and closed scores of schools.
All bus services in London were cancelled, as were dozens of trains, and some airport runways, including both at Heathrow, were temporarily closed.
Helen Chivers, a forecaster with the Met Office, said the last time the UK saw such widespread snowfall was in February 1991. "And we're going to get more," she said. "There are a lot of showers still coming in from the North Sea."
Britain gripped by big freeze
The forecaster added that a large area of sleet and snow showers was also moving out of France and heading to the UK. A spokesman for the Highways Agency said: "If your journey is not essential I would strongly advise you don't make it."
Commuters in the south-east faced a miserable journey to work with chaos on the roads and railways. All London bus services were withdrawn and 10 of the 11 lines on the London Underground were either completely or partly suspended.
Latest travel news
A number of train services linking London and the south coast were also delayed or cancelled as snow drifted on to the tracks. Gatwick Airport and London City Airport were both temporarily shut on Sunday night as their runways were de-iced.
Snow and ice were blamed when an aircraft slipped off the taxiway and on to the grass at Heathrow airport. A BAA spokeswoman said no one was injured in the incident involving a Cyprus Air aircraft.
The snow also put the NHS under pressure, leading to operations being cancelled and a rise in the number of 999 calls. All non-urgent operations and admissions at Guy's and St Thomas's NHS Foundation Trust were cancelled and people were urged to stay away unless it was an emergency.
Many schools in the south east have closed due to the weather. A spokeswoman for Westminster Council said some of its schools were closed and the weather had forced the closure of more than 50 schools in Kent.
More than 50 schools in Birmingham and the Black Country were forced to close. Around 400 schools in Essex were closed, about three quarters of the schools in the county. "

guardando as devidas proporções e sem desconsiderar os efeitos ...

HÁ PESSOAS QUE ENXERGAM O COPO MEIO VAZIO

E HÁ AS QUE ENXERGAM O COPO MEIO CHEIO...

França das tradições











Para falar da França poderia começar com todos os pré-conceitos, uma vez que a maioria deles todos já ouvimos ao menos uma vez.

Mas escreverei não sobre a França que me apresentaram (para não dizer preveniram) antes da minha viagem, falarei sobre a França revelada pelos franceses.

Sem falar a língua local (so sorry! - quero dizer – pardon!) iniciava meu contato com um timido “Je ne parle pas français”. Eles então sorriam e tentavam estabelecer a comunicação da melhor forma possível, uma língua comum para ambos, mímica, ajuda dos universitários...

Sim. Eles aceitavam a comunicação sem impor sua língua. Por vezes até sentiam-se constrangidos por não falarem inglês – a tal da língua “universal”.

Sim. Os franceses que conheci não negam sua latinidade. Falam muito, gesticulam, riem alto.

Oui, eles beijam-se e acariciam-se publicamente e se enervam também, de uma forma que só os franceses são capazes. Eles rodam a bahiana, só que com outro sotaque. Eles batem e não assopram.

Não, eles não abrançam. Não podemos esquecer que eles também fazem parte da comunidade européia. Abraçar por essas bandas parece ser algo intimo demais, atribuido apenas aos amantes na alcova.

Não. Eles não são iguais. Os de Marseille, onde estive por dez dias, se dizem muito mais calorosos do que os de Paris, onde estive apenas por dois dias. Um despeito interestadual, algo como Rio e São Paulo...”reserva de mercado” não justificada. Afinal, no passaporte são todos franceses. Afinal as diferenças não fazem com que um seja necessariamente melhor ou pior que o outro. Uns têm sol e porto, outros têm torre e Monalisa.

Despeço-me de Marseille, de uma forma diferente da que fui recebida. Minha anfitriã acompanha-me à estação e fica comigo até a partida do trem, numa manhã fria e recheada de imprevistos. Quase Natal.

Vou ao encontro de minha outra anfitriã - esta radicada no Brasil, praticamente uma brasileira - que me apresentará a região de Chambon, das montanhas, das tradições. Somos recebidas por longas tranças prateadas. Participo de um Natal em família. Entramos numa região de contos. Tudo tem uma história – o vinho, as treze sobremesas, a Champanhe (e tenham respeito por ela), a casa ao lado, os quadros na parede, o banquinho que esperava por um piano que um dia chegou, as taças que esperavam por um bar da sala que espera por uma calefação que funcione. As longas tranças prateadas talvez guardem, em cada fio, as histórias mais preciosas. As longas tranças incansáveis. As longas e atenciosas tranças prateadas que nomeou-me Madame Vaisselle após reconhecer meu potencial na cozinha.

E é nessa região que encontro dois pequenos, que mais interessados estão em ouvir histórias que em conta-las, e se elas vêem de terras distantes, como o Brasil, ainda melhor. Esta é uma palavra mágica para eles. Minha anfitriã criou no imaginário dos pequenos um universo mágico chamado Brasil, com florestas e seres dignos de quadrinhos, onde o sol se esconde quando despede-se de lá.

E foi a França que me apresentou a neve. Sou acordada com o olhar curioso da casa e a expectativa ante minha reação. A neve quando pisada faz “scronch”. A neve que não vi quando criança, da qual só soube da existência através dos filmes norte-americanos trouxe nostalgia e junto com ela SAUDADE. Não era vontade de estar longe de lá, mas de estar perto de todos e que todos estivessem lá também. A neve não nos congela, a indiferença sim. E naquele lugar nada é indiferente.

No Reveillon todas as pessoas que conheci na vila reuniram-se em uma única casa, casa de “marseilleises”. Todos os convidados ofereceram um prato para a ceia e fui intimada a levar uma sobremesa típica brasileira: brigadeiro (?????!!!!!!!!)

Para minha supresa brigadeiro não é um doce universal, não faz parte da infância de todas as crianças do planeta. Uns têm neve, outros brigadeiro.

Para surpresa deles, nós usamos branco.
Para minha surpresa não há abraços após as doze badaladas, mas três beijos no rosto. Para surpresa deles, nós pulamos ondinhas.
Para minha surpresa nenhum estouro de rojão...apenas o ruído da Champanhe sendo aberta.
E a noite termina com todos sentados em frente à lareira, tomando café.

Não há música, não apenas para minha surpresa, pois a longa trança prateada confidencia-me “festa sem música, não é festa”. Concordo com ela, sorrimos com cumplicidade. Para nós a noite terminou. Voltamos para casa, com lanternas em punhos num ano que já é outro. Na primeira manhã de 2009 – SOL!!!!
Obrigada universo!!!!
Ele em harmonia perfeita com a neve que havia nos visitado no dia anterior.

Minha viagem à Provance está quase no fim. Separo-ro de minha anfitriã, eu em direção à Paris e ela a caminho da Índia.

Sou levada à estação de trem pelo poeta socialista. Ele falou durante todo o trajeto. E eu compreendi tudo. Eu sem falar francês, e ele sem falar português.

Em Paris sou recebida por uma vietnamita que conheci em Londres. Ela me recebe como uma brasileira receberia, vai me buscar na estação e à noite me leva a um restaurante tailandês. O amigo que a acompanha, e que trabalha como motorista, revelou que brasileiro tem fama de carregar grandes bagagens e não dar gorjeta.

No dia seguinte ela leva-me ao Louvre e à Torre Eiffel. Reitera a fama de que os franceses são indelicados. No metrô ela se surpreende com uma moça que lhe oferece um lenço. Não sabemos a nacionalidade dela. Prosseguimos.

A estada em Paris não foi o bastante para revelar Paris, mas, na manhã seguinte, indo para o aeroporto, assim que me aproximo da primeira escadaria do metrô, com minha grande mala de brasileira, uma moça se oferece para me ajudar. Dirijo-me ao guichê, despeço-me dela, compro meu bilhete e novamente outra escadaria. Um rapaz, mesmo apressado, ajuda-me a descê-la e ao final arremessa-se dentro do trem para não perde-lo. E a história se repete em outras escadarias até conseguir sair do metrô e livrar-me delas.

Esta foi minha experiência em Paris. Onde esconderam toda a indelicadeza francesa ainda não sei. Pessoas são diferentes em Marseille, em Paris, no Rio, em São Paulo, em Londres, mas continuam sendo pessoas.

Indo à França diga ao menos Merci!, por uma simples questão de gentileza.

E para os que acreditam que o inglês é a língua universal -so sorry1 - O sorriso é a língua universal. Gentileza gera gentileza.

Wednesday, 21 January 2009

enquanto isso em Londres


enquanto eu visitava a França, elas comemoravam o Natal em Londres. Dizem que quando um inglês se torna seu amigo é para sempre...É bom não duvidar!!!!


OBRIGADA!!!!!!!!

Tuesday, 20 January 2009

nem sempre de passagem...

Para quem não tem pressa de viver




e não é quando a gente se distrai que a vida acontece?


foi assim que ela se apaixonou por ele.

num final de tarde,

ela que habitualmente vivia olhando para o chão na captura de seus pensamentos que insistiam em se esparramar pelo passeio, naquele fim de tarde reparou em algo que até então não havia notado, sua pele estava mudando de cor, mas sabia que não era exatamente sua pele que mudara, ela apenas refletia uma outra mudança...



dizem que mudanças refletem algo, dizem...não sei, só ouvi falar.

ela então mudou a direção do olhar a procura do que provocara aquele efeito, foi quando o viu pela primeira vez...

ele perdido no horizonte, sozinho, calmo, foi se despedindo dela como se a conhecesse, ia não querendo ir.
após alguns minutos de contemplação ele se foi. Seu brilho saiu da pele dela.
Ela agora não olhava mais para o chão, porque seus pensamentos estavam naquele horizonte.
Estava perdida, perdidamente apaixonada.



Nunca entendi a contradição de juntar na mesma expressão as palavras "perdidamente" e "apaixonada".
Quem se apaixonada não se encontra mais? Não encontra o outro? Perde o que afinal?

Só sei que ela assim estava, e por isso voltou lá no dia seguinte, e no outro também, e todas as tardes naquele mesmo horário eles pontualmlente se despediam.

Ela então telepaticamente se comunicou com um grande amigo que morava bem do outro lado de lá, contando toda a sua história de amor revelou que todos os dias eles se encontravam, que ele vivia para o seu olhar e ela irradiava quando o encontrava. Que todas as tardes ele se recolhia cedo para estar pronto para ela na manhã seguinte.

Seu amigo sem querer "tapar o sol com a peneira" foi honesto, e tentando não magoa-la lhe disse que ele sempre no mesmo horário aparecia pelos lado de lá, por isso todas as tardes ele tinha que se despedir dela.

Ela ficou magoada. Sentiu um gosto amargo na boca, uma pontada no peito e um torcer no estômago, mas lembrou que nunca trocaram palavra. Que tudo que sabia dele, ela mesmo imaginara ao sabor de sua admiração. Nada foi prometido, nada foi combinado.

Seu amigo sentiu-se a vontade também para revelar a sua grande paixão. Ele disse que se apaixonou quando estava distraído com uma borboleta que cambaleava e desde então passavam quase todas as noites juntos. Que por vezes ela se revelava completamente, e em outras ocasiões apenas se insinuava, não aparecia por algumas noites e não mandava recado, mas isso não era um problema, porque ela sempre voltava. E finalizou a comunicação dizendo "acabamos de nos despedir, ela vai repousar para me encontrar amanhã". Ouvindo aquilo, a amiga olhou para o horizonte e a reconheceu, preferiu não dizer a ele que sempre que se despedia dele, ela também não se recolhia...achou melhor acabar a conversa com apenas a sua desilusão, mas passou a noite inteira espionando para descobrir com quem ela se encontrava nos lados de cá.



PS.: AGORA VOLTE E VEJA O VIDEO INTEIRO, de preferência com uma música que goste muito.




Marseille Dec. 2008 - Paris Jan.2009

Sunday, 18 January 2009

CRIANÇAS CHILDREN - They are poetry



Com dois anos de idade, ela pega o gatinho da rua e o protege, como se fosse a única coisa que tivesse que fazer.
senta no meu colo e dele não quer mais sair,
não me pergunta se estou de acordo ou não,
a vontade é dela, quem sou eu para impedir.


Com sete anos e sorriso fácil, sofre por ter perdido seu amado,
que frequenta com ela a pré-escola.
Pede trança no cabelo e quer que seja colorida.
Imita também meu jeito de falar, ao responder "sim"
não fala "oui" mas "yep".

Se tocar uma música
elas vão dançar.
não pra mim, nem para os outros...
mas para elas.
Mais uma brincadeira.
Se percebem a platéia, gostam
quando constrangidas, páram
mas recomeçam assim que esquecem
e esquecer para elas é materia fácil.
porque vivem para o agora.
ainda não se imaginam com 10 anos ou mais
e o passado é tão curto que não tem muito para lembrar.

Que bom que a gente cresce
e continua fazendo criança.



France - Décembre 2008



Bons dias!!!

"se lhes disser desde já, que não tenho papas na língua, não me tomem por homem despachado, que vem dizer coisas amargas aos outros. Não, senhor: não tenho papas na língua, e é para vir a tê-las que escrevo. Mas aqui está o que é; eu sou um pobre relojoeiro, que, cansado de ver que os relógios deste mundo não marcam a mesma hora, descri do ofício. A única explicação dos relógios eram serem igualzinhos, sem discrepância; desde que discrepam, fica-se sem saber nada, porque tão certo pode ser o meu relógio, como o do meu barbeiro.

(...)
Foi por essas e outras que descri do ofício; e, na alternativa de ir à fava ou ser escritor, preferi o segundo alvitre; é mais fácil e vexa menos."

(Machado de Assis)

Monday, 12 January 2009

Conversa com o escritor Robert e traduçao de Aurelia Celurei - 04.01.2009 França

AS ASAS DO PÁSSARO

A RAIZ DA ÁRVORE

Ela finaliza: "Duas pessoas que não podem ficar juntas, mas que se amam"

Existe outra alternativa para eles?

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