Wednesday, 16 September 2009


Querida Jhaíra,
querido Noel,
queridos,

me tocou
me olhou
me ajudou
a sentir
isso
que veio cheio de imagens,
lembrançasde dias ricos,
de aprendizados,de descobertas
tb eu acreditei em Noel
e quando conheci
Noel
também eu vi a magia se fazer à minha frente
que ele sinta estas emoções
com a gratidão que vai
gorda diretamente a seu destinatáriono
leste
no sul
na palestinana
laponia
em Orion
ou dentro de nossos corações
tb não deu tempo de eu responder aos tantos amigos
antes
mas agora
digo que adoraria rever
reler
cada um

Noel nos deu isso de presente
e obrigada Jhaira, a vc tb muito amor e luz a todos,

Paula Lopez*


Paula é atriz e tradutora. Por sua boca, em muitos momentos desse encontro, falamos a mesma língua.

Friday, 11 September 2009

.

quando você sabe que é?

Porque tem forma:

tem cheiro

cor de olhos

cor de cabelo


tem sorriso

tem andar

tem ginga


tem lembrança

tem recordação

tem história


tem data de aniversário

tem endereço

tem digital

tem todos os sentidos nele.

não tem sentido querer explicar

.

Wednesday, 9 September 2009

Papai Noel



Quando eu era "mais menina" (muita gente acha que ainda sou) costumava enviar cartas ao Papai Noel. Por ser uma boa garota (muita gente acha que nunca fui), ficava esperando que ele atendesse meu pedido.

Meu pedido era sempre o mesmo: quero conhecer sua terra.

Todo ano a mesma coisa, todo ano escrevendo e nada de ser atendida.

O tempo foi passando, e eu esquecendo do que pedia. Parei de escrever para Papai Noel. Mas a pratica foi tanta, que passei das cartas para os contos e derivados. Passei a escrever sem destinatário. Talvez, inconscientemente, esta tenha sido a forma que encontrei para operar sobre a expectativa. Porque se não endereço o que escrevo, serve a qualquer um e a ninguém.

Mas nunca se sabe o suficiente, precisava afinar meu instrumento. Cursos e mais cursos ...até que em um deles, disfarçado de professor, lá está ele: Papai Noel.

Meu ímpeto foi de virar para a colega ao lado e perguntar: É o Papai Noel, não é?. Mas quando olhei para ela, vi que ela já não era mais menina, e lembrei que eu também não. Naquela turma de escritores emergentes, não deveria deixar que meu entusiasmo* manchasse a boa impressão que deveriam ter de mim.

Mas eu o reconheci, e sabia que ele também nos reconhecia, que lembrava em detalhes cada linha das nossas cartinhas da infância. E ali, todos juntos, ele somente pedia que escrevêssemos mais e mais. Depois ele recolhia tudo e guardava. O que será que ele quer agora? Reconhecer nossas letras? Reler nossos desejos?

Ele voltou para sua terra sem conseguir se despedir. Deixou um grande abraço a todos e também seu e-mail. Tempos modernos!

Muito bem. Vou escrever um e-mail então. Talvez ele não tenha recebido minhas cartas, mas se não receber o e-mail pelo menos terei um “Undeliverable mail”.

Desta vez Papai Noel respondeu.

- Papai Noel to indo. – eu disse
- Venha. –ele respondeu

Venha?
Simples assim?
Então a elaboração das cartas anteriores estava errada. Deveria trocar o “eu desejo”, “eu gostaria” pelo “eu vou”, “estou aqui”. Ser mais afirmativa.

Fui. E lá estava ele de braços apertos me recebendo, me orientando, cuidando.

Apontando caminhos e pessoas sempre com a recomendação: Diga que eu estou enviando você. Ele era tão querido, que todos me recebiam como se eu fosse a própria filha de Noel, que era quase o mesmo que ser filha do rei, ou melhor, da rainha.

Vez ou outra certificava-se: como está? Está bem acomodada? Precisando de algo?

O meu tempo na terra de Noel estava chegando ao fim. Também retornei sem conseguir me despedir pessoalmente.

Já em casa, retornei ao contato escrito, agora por e-mail.

Depois de uns meses, um dos seus veio visitar as terras de cá. Michael chama-se. Que também conheci por lá, seguindo recomendações de Papai Noel. Michael revelou, que quando me viu na fábrica de sonhos (também conhecida por sala de ensaio) incomodou-se com minha presença, mas ao saber que era uma enviada de Papai Noel, pensou: : “Seja bem vinda.” Perguntei sobre Papai Noel, que agora não respondia também meus e-mails. Michael disse que na verdade ele sempre preferiu as cartas, e que atualmente não via mais e-mails. Aconselhou-me a enviar uma.

Não o fiz de pronto. Foi quando nesta semana recebo um e-mail dizendo “Lembra-se da carta que pedi que escrevesse a Papai Noel? Acho que é um bom momento para enviar.”

Entendi a mensagem, e junto com a missiva queria enviar também um livro que ajudei a escrever e que será lançado este mês. Quando descobri que não estaria pronto esta semana decidi enviar apenas a carta. Hoje.

E foi hoje também que recebi outro e-mail. Dizendo que não preciso mais me preocupar com a carta. Papai Noel se foi. Foi para um lugar aonde as mensagens não chegam via correio. Foi descansar dos pedidos, das expectativas.

Papai Noel foi sem minha ultima carta. Nela eu só queria dizer THANK YOU!!!

Mas achei pouco. Queria enviar mais. Não deu tempo.

Hoje, penso que se antes da minha partida recebesse uma carta com essa única frase, iria certamente sorrindo.

Porque às vezes a gente acha que não faz diferença nenhuma.
Papai Noel, obrigada!!! Fez toda a diferença.

A carta que escrevo hoje não é pra você, mas por você.
Hoje 09/09/2009
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outro post que escrevi sobre ele e a viagem http://jhairas.blogspot.com/2009/02/destino-london.html


about Noel http://www.writewords.org.uk/interviews/noel_greig.asp

* ter Deus dentro da gente

Friday, 4 September 2009

by Marina Colasanti

Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.

Wednesday, 2 September 2009

Ofélia - by Shakespeare



- sabemos o que somos, mas não o que podemos ser.

espero que eu seja

devemos ser pacientes.



- Pobre Ofélia

fora de si e alheia a seu claro juízo.



- Ali está o rosmaninho, que é para recordação.



- the rest is silence